Robert Zemeckis sempre se mostrou um diretor capaz
de realizar obras interessantes.
Seria ingratidão não reconhecer a sua enorme
contribuição ao cinema.
A lista dele é realmente irrepreensível: “De Volta
para o Futuro”, “Náufrago”, “Forrest Gump”, “O Expresso Polar” e tantos outros.
É surpreendente vê-lo dirigindo “Aliados” sem nenhuma emoção.
Será que Zemeckis foi abduzido pela indústria?
Max Vatan (Brad Pitt) é um espião em serviço na sedutora Marrocos nos anos 40.
Ele é um canadense que finge ser casado com a espiã francesa
Marianne Beauséjour (Marion Cotillard).
Marianne conseguiu se inserir na comunidade alemã
nazista com o seu charme parisiense e tenta convencer a todos que Max é um
homem de negócios em busca de contatos na cidade.
O casal convence a todos da tal felicidade conjugal
e realizam a missão com sucesso.
Antes disso, terminam sucumbindo à paixão e transam
dentro de um carro durante uma tempestade de areia.
Acertou quem apostou que dessa paixão irá surgir um
casamento e um bebê.
A surpresa vem bem depois quando Max é informado
pelos seus superiores que a esposa pode ser uma traidora infiltrada.
O mais estranho mesmo foi o casal ter conseguido
enganar o pelotão nazista.
Não há uma fagulha de paixão na cena mais quente do
filme!
A verdade é que Pitt e Cotillard possuem química
zero.
O olhar que ambos dirigem um ao outro não tem apelo
sexual ou qualquer coisa mais.
Zemeckis dirige esse drama de guerra de forma
apática.
O espectador fica alheio a tudo, esperando que em
algum momento ocorra uma reviravolta emocionante.
A única coisa capaz de nos atingir é o figurino
estupendo e a direção de arte.
Esses deram verdadeiro banho no roteiro.
Outro chamariz para a película poderia ter sido a separação do casal Brangelina.
Tenho cá minhas dúvidas que isso tenha mesmo
acontecido.
Acredito que a produção usou descaradamente o
casamento estremecido de Pitt/Jolie como
isca.
Pena que não deu certo.
É praticamente impossível crer que Cotillard tenha
sido a causa da separação.
As cenas entre ela e Pitt são tão mornas quando um
café de ontem.
Parece até inacreditável que o perfeccionista Vatan
tenha resolvido correr tantos riscos por causa de sua amável esposa.
Pitt atua como se estivesse sob uma chuva de neve.
Cotillard procura provar seu valor, mas esbarra na
ausência de um parceiro mais talentoso.
Sozinha ela não vai muito longe.
É tudo tão vintage, tão perfeitamente colocado em
cena, que os atores poderiam fazer parte de um catálogo de roupas.
Pena que não se trata de desfile de modas.
“Aliados” é apenas mais um filme embalado em
luxuosos tons pastéis que causa bocejos nada românticos.
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