“Breathe In”, by Drake Doremus


O diretor Drake Doremus volta a mostrar que tem  mão suave para filmar romances conturbados..

Ele já havia demonstrado enorme sensibilidade com o  anterior “Loucamente Apaixonados”.

Em “Breathe in” Doremus retorna mais maduro,  filmando com extrema eficácia o amor impossível que ronda os personagens principais.

Família residente numa pequena cidade acolhe uma estudante estrangeira em intercâmbio.

Keith (Guy Pearce) e Megan (Amy Ryan) são casados há muitos anos e tem uma filha Lauren (Mackenzie Davis) exímia nadadora.

A britânica Sophie (Felicity Jones) é atraente,  introvertida, excelente pianista e um tanto misteriosa.

Essa aura de mistério faz com Keith se sinta atraído pelo jeito tímido da hóspede.

Logo ambos são tomados por uma atração  que irá colocar em perigo a estável vida  matrimonial de Keith.

Esse é o dilema que permeia o destino de toda a família.

Não existem traídos ou infiéis.

O que assistimos em Breathe In são as duras conseqüências de um casamento perdido em meio às lembranças, culpas e ressentimentos.

Sophie é  apenas a válvula de escape para algo que se apagou  há muito tempo.

Todos  parecem engolidos por uma  bruma de infelicidade.

A filha sente-se rejeitada ao ver o desinteresse paterno, enquanto a mãe navega em cobranças financeiras.

Keith, se transforma num fantasma que sussurra, andando cabisbaixo, como que esquecido em meio a divagações de um futuro pouco promissor.

Sophie surge e apresenta novas possibilidades a todos.

Seu olhar observador disseca as mentiras familiares, levando ao cúmulo da sofrida descoberta.

O roteiro é extremamente feliz ao não tomar partido nenhum.

Assistimos a tudo com alguma tristeza, como se tudo aquilo pudesse, a qualquer momento, acontecer em nossas relações amorosas.

Muito bem dirigido, “Breathe In” economiza nos diálogos.

Toda a sensualidade da paixão ou a tensão das perdas são traduzidas pelo olhar dos protagonistas.

Torna-se quase palpável a enorme atração existente entre Keith e Sophie.

A respiração, a pele, olhos, boca e mãos, traduzem perfeitamente todo o desejo reprimido que os leva ao apogeu da loucura.


Guy Pearce apresenta  outra estupenda interpretação.

Impressionante o talento desse britânico versátil.

Felicity Jones também está convincente como a meiga Sophie.

O quarteto principal apresenta atuações sincronizadas e absolutamente concisas.

Drake Doremus mostra-se  pronto para produções mais maduras.

O amor nunca foi tão bem retratado quanto nessa produção independente.

Um filme que supera expectativas e que nos coloca minhocas na cabeça.
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About Cláudia Pereira

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