Viola di Mare, by Donatella Maiorca


O que mais impressiona em “Viola di Mare" não é o fato de retratar uma turbulenta história de amor entre duas mulheres, o que choca é saber no final da projeção que o filme tenha sido baseado em fatos reais ocorridos na Sicília no século 19. Hoje, diante de tanta liberdade sexual e tempos de internet, nos parece inacreditável o quanto o sexo feminino era oprimido e relegado à insignificância .

Ângela (Valeria Solarino) e Sara (Isabella Ragonese) são amigas desde a infância. Apesar da relutância de Sara, Ângela sempre nutriu por ela uma paixão quase frenética.

Sara ainda tenta resistir às investidas de Ângela... mas cede diante do inegável desejo que nutrem uma pela outra.

Infelizmente, logo o pai de Ângela lhe arranja um marido. Corajosamente, ela rejeita o pretendente e assume o amor que sente por uma mulher. Revoltado, o genitor lhe impõe um castigo além dos limites: Angela é jogada num galpão do qual só sairá se submeter às ordens paternas .

A mãe de Ângela, revoltada diante da teimosia , encontra uma solução que dará à filha a tal sonhada liberdade. Ângela deve se tornar homem e assumir o lugar do pai na pedreira pertencente à família.

Ângela aceita a contragosto por prever ser a única forma de ter Sara como esposa. A vila, pasma, assiste o todo poderoso pai de Ângela afirmar que a filha nunca foi mulher, que sempre escondeu de todos o fato de ser homem. Mesmo sem crer na deslavada farsa, os moradores se calam pelo simples fato do pai de Ângela ser um homem poderoso e cruel.

Sara, anteriormente prometida a um rapaz, desmancha o compromisso e aceita o pedido de casamento de Ângela. Elas selam um pacto no qual prometem enfrentar a todos os tipos de preconceitos quanto a condição sexual de Angela (agora transformada em Angelo).

É doloroso observar a sofrida transformação da então sonhadora e otimista Angela no bruto Ângelo, que aos poucos adquire para si um comportamento tipicamente masculino. A dubiedade da protagonista que tenta não perder a identidade feminina em meio a mentira forjada por uma sociedade hipócrita torna-se o fio condutor dessa magnífica trama.



Donatella Maiorca transforma seu longa numa obra belíssima ao retratar, sem pudor, o intenso amor vivido por duas almas destinadas uma a outra.

A trilha sonora surge sem grande alarde, formando uma ótima parceria com a maravilhosa paisagem siciliana.

Consequentemente, temos uma interpretação intensa das duas atrizes principais. Valeria Solarino coloca sua beleza exótica a serviço de um trabalho inesquecível. Seu olhar estremecido pela dor conduz toda a narrativa ao desfecho fatal. Isabella Ragonese vem logo em seguida formar o par perfeito, se tornando o contraponto suave diante da beleza selvagem da companheira em cena.

Vou logo avisando, “Viola di Mare" é doloroso. É apaixonante. É intenso. É sensual.

E é definitivamente, um dos melhores filmes que já vi na minha vida.

Uma história de amor digna de todas as lágrimas que o espectador poderá vir a derramar.



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About Cláudia Pereira

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1 comentários:

  1. Belíssima resenha!!!! O filme é incrível, emocionante. As duas atrizes foram brilhantes, vc se sente dentro da história, tamanha a sensibilidade da atuação.(Chorei demais!!!) Perfeito, um dos melhores que ja assisti!!!

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