“O Amor é Estranho” causou sensação na América por abordar
um tema delicado.
A homossexualidade entre dois senhores juntos há quase 40
anos, que passam por dificuldades financeiras após um deles assumir o casamento
oficial.
O diretor Ira Sachs enfrentou corajosamente a difícil tarefa,
munido de um roteiro extremamente
sensível e com uma dupla de atores bastante talentosos.
Mas, não se enganem, apesar da aparência modernosa, a
sociedade americana ainda tem uma face oculta de provincianismo e preconceito.
Talvez isso explique o fato do filme ter tido sua exibição
limitada.
O burburinho foi tanto, que o público terminou por forçar
que outras salas de cinema exibissem o filme.
O saldo mostrou-se positivo, rendendo críticas favoráveis e uma bilheteria surpreendente .
George (Alfred Molina) é professor numa escola católica, ele
é casado com Ben (John Lithgow) um artista desempregado.
A vida a dois é repleta de companheirismo, amor, cumplicidade
e alegria.
Tudo começa a ruir quando George é despedido ao casar-se oficialmente
com o parceiro.
Os dois companheiros são obrigados a venderem o apartamento,
vivendo de favores na casa de amigos e parentes.
Momentaneamente separados, o casal descobre a intolerância,
o egoísmo, em meio ao âmbito social até então amoroso e repleto de afagos.
George hospeda-se na casa de um outro casal gay e sofre em
meio às festas e reuniões barulhentas, enquanto Ben convive com uma família de
parentes em crise.
A tensão e desolação tornam os dias sombrios, em que tudo
parece desmoronar.
A única coisa que mantem a fé em dias melhores é a certeza do amor e lealdade presente no amor de Ben e George.
Somos testemunhas de toda a alegria que o casal já desfrutou
na mocidade, fazendo com que percebamos a importância do amor que os une.
O irreverente Ben não perdeu a espontaneidade com o passar
dos anos.
Ele consegue ser infantil, irresponsável e absurdamente
sincero quando quer.
Esse comportamento autêntico o coloca em atrito com o casal
que o abriga, já que eles vivem numa total negação da crise conjugal.
Ira Sachs conseguiu realizar um filme que encanta pela
doçura e triste realidade.
A dupla de atores atua com extrema desenvoltura, fazendo com
que torçamos pelo
retorno da vida a dois.
“O Amor é Estranho” é indicado para quem não tem preconceito
ou limitações.
Um filme que fala de amor, maturidade e velhice de um jeito
singelo e sem frescura.
Feito fora do esquema de Hollywood, “O Amor é Estranho”
comprova que um bom roteiro se sobrepõe a efeitos mirabolantes de câmera.
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