“Miss Violence” é um dos filmes mais chocantes que já tive a
oportunidade de assistir.
Pavoroso e certeiro em toda a sua brutalidade ao retratar uma realidade que tanto nos oprime.
Nada parece fictício.
O grego Alexandros Avranas realizou uma película que deixa
cicatrizes devastadoras em quem o assiste.
Mas isso não é ruim.
Pelo contrário, o roteiro causa um desconforto porque
explora algo que muitos insistem em ocultar.
O filme tem inicio com uma festa de aniversário bastante esquisita.
Angeliki (Chloe Bolota) faz onze anos e sua família comemora
ouvindo “Dance me to the end of love” by Leonard Cohen.
O clima é de estranheza, algo que parece fugir à realidade
infantil.
Angeliki encara a câmera e pula do prédio.
O suicídio é visto com absoluta normalidade pela família.
Lentamente, vemos descortinando um mundo aterrorizante por
trás de todos os familiares.
Descobrimos a face perversa do avô que abusa
psicologicamente e fisicamente das crianças e a inércia da avó que a tudo
assiste passivamente.
Resta ao espectador lidar com o caos a que é submetido.
A crise grega emoldura o retrato de uma classe social que
vive sob o domínio do medo.
Sem trilha sonora, sem cores, sem suavidade, “Miss Violence”
é um exercício de coragem.
Coragem para quem o assiste.
Coragem quem aceitou fazer parte de um projeto tão
audacioso.
Fiquei tão devastada que levei alguns dias pra me recompor.
Aliás, fui obrigada fazer uma pausa.
As lágrimas não me deixaram seguir adiante.
Foram necessárias algumas horas pra dá o play.
“Miss Violence” é o relato da mais absoluta exploração
sexual e mental.
Um filme pra não ser esquecido.
Doeu, mas valeu a pena.
Tente aí se tiver estômago.
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