Um dos grandes problemas de alguns filmes que falam sobre o assunto é o fazerem de forma superficial.
Muitos apelam para a nudez das atrizes e tornam-se apenas uma chamariz para curiosos.
Não é o caso dessa produção sueca .
A diretora Alexandra-Therese Keining realizou uma obra delicada sobre a revelação do homossexualismo e a renúncia aos preconceitos em prol da felicidade.
Seu filme prima pela excelente fotografia em cores pastéis, mostrando uma Suécia exuberante em toda sua plenitude.
O pai de Mia (Ruth Vega Fernandez) faz aniversário e promove um reencontro de sua filha com a nova família que formou.
Ele é casado com a mãe de Frida (Liv Mjönes) e acha que é o momento de fazer com que todos criem laços afetivos.
Acontece que Mia aproveita a oportunidade e anuncia seu noivado com Tim com quem namora há muito tempo.
Ao mesmo tempo, a arredia Mia sente uma estranha atração pela alegre e despojada Frida.
Aliás, todo mundo se encanta com o jeito cativante com que a moça se comporta, menos Mia, que sente um misto de repulsa e desejo.
Logo toda a sua resistência será posta à prova durante um fim de semana numa ilha isolada.
A pedido da mãe, Frida tenta ser agradável e se aproxima de Mia para quebrar o gelo.
O que a velha senhora não imaginava é que as duas acabariam envolvidas numa paixão que se mostraria arrebatadora.
Movidas pela atração mútua, ambas se aprofundam no intenso desejo fazendo com que tudo se torne incontrolável.
A contida Mia será jogada no mar poderoso de sua própria sexualidade, até então fechada a sete chaves.
Todo esse relacionamento é contado de forma encantadora.
Sem exageros ou sentimentalismo barato, nos tornamos cúmplices de Mia e Frida em suas fugas da realidade.
O jogo de cena inclui cenas belíssimas dos corpos das atrizes, olhos que se buscam e se ocultam em meio ao medo.
Finalmente, temos um roteiro que fala de homossexualismo sem aquele velho clichê.
As duas atrizes principais atuam com extrema competência, dando às suas personagens extremo realismo emocional.
Ruth Vega Fernandez e Liv Mjones se emocionam, vão às lágrimas, parecem tomadas por algum tipo de combustão interpretativa.
Uma pena que uma parte desse talento irá permanecer oculto para nós, pobres mortais.
Digo isso pelo simples fato de nem sempre termos acesso aos filmes feitos lá pela Europa.
Ainda bem que hoje tudo pode ser contornado com o acesso à internet, caso contrário, teríamos que nos conformar com os velhos estereótipos feitos pelos americanos.
“Kyss Mig” é uma produção sueca e sim...é um filme lésbico.
Um filme feito para refletir sobre o medo, preconceito e as concessões feitas em nome da sociedade.
Imperdível.
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