“Her”, by Spike Jonze



Virou moda elogiar  “Trapaça” e “O Lobo de Wall Street”.

Filmes que retratam a esperteza e a decadência de uma América falida.

Mas nem tudo são espinhos nessa Hollywood cheia de obviedades.

A crítica descobriu e aplaudiu com fervor um dos melhores filmes da nova safra.

Um filme que não prima pela pancadaria ou baixaria.

“Her” é apenas uma produção independente que chegou de mansinho sem fazer alarde.

Um filme romântico que cutuca a nossa relação com a tecnologia e as dificuldades em criar laços.

Spike Jonze, um dos melhores diretores da atualidade, filma com enorme simplicidade.

“Her” não precisa de maneirismos transloucados de câmera ou trilha sonora eletrônica.

Seu charme está justamente em apresentar um roteiro inovador da forma mais simples possível.

Histórias de amor foram feitas somente para mulheres?

Aqui está “Her” para provar que  o universo masculino também pode ser retratado de forma delicada e verdadeira.

Theodore (Joaquin Phoenix) é um homem solitário, arredio, que tem  talento para escrever cartas digitais.

Vindo de um casamento fracassado, Theo não tem uma vida afetiva das mais agitadas.

Cansado da solidão, ele resolve adquirir um sistema inteligente que torna possível dialogar  com uma voz  com sentimentos e pensamentos humanos.

A voz apresentada no filme pertence à Scarlett Johansson.

Dito isso, já dá pra perceber o poder feminino oculto na locutora digital.

O próprio sistema assume uma identidade humana, optando por se chamar Samantha.

Logo começa a nascer algo  que se transforma numa relação amorosa das mais profundas.

Samantha consegue se aprofundar em todas as dores emocionais de Theodore, fazendo com que ele descubra coisas bem particulares a seu próprio respeito.

Estranho sentir a presença quase física de Scarlett Johansson!

A poderosa voz nos dá a certeza absoluta de suas expressões, lágrimas e sorrisos.

Joaquin Phoenix apresenta uma interpretação que não deixa dúvidas.



Ele é um dos melhores em seu ofício.

Seu talento já se tornou realidade há muito tempo.

Pra ser sincera, “Her” nem é filme capaz de arrebatar prêmios.

Duvido que a Academia abrirá  mão dos arrasa quarteirões em prol de uma produção com poucos atrativos comerciais.

Também duvido que os espectadores  tupiniquins lotarão para assistir a história de um homem perdido em meio a um turbilhão de sentimentos.

Pancadaria rende muito mais.

Que bom que ainda existam filmes capazes de nos emocionar.

É uma delícia poder desfrutar de um filme tão inquietante, capaz de nos fazer chorar, rir, de nos sentir ridículos em nossas divagações.

Tudo isso orquestrado com maestria e sem absurdos técnicos.

“Her” é um filme absolutamente surpreendente por falar de algo tão atual sem parecer arrogante.

Um dos melhores, senão, o melhor, filme do ano.
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