Sonhos Roubados, by Sandra Werneck




“Sonhos Roubados” é o novo filme de Sandra Werneck e chegou aos cinemas trazendo as premiações recebidas no Festival do Rio (melhor filme escolhido pelo público e melhor atriz para Nanda Costa).

Mesmo assim, fiquei um pouco decepcionada com a forma como a história foi desenvolvida. Esperava muito mais de Werneck, afinal de contas, ela tem em seu currículo o ótimo Amores Possíveis e Cazuza (razoável).

Dessa vez , Sandra errou a mão e fez um filme morno, onde a miséria das personagens não nos torna capazes de sentir compaixão ou envolvimento emocional. Somos apenas testemunhas de um enredo pouco interessado em se aprofundar.

“Sonhos Roubados” narra o drama de três garotas da favela carioca que enxergam na prostituição a única forma de realizar seus sonhos de consumo ou sobrevivência.

Jéssica (Nada Costa) é atrevida, independente e não teme vender seu corpo para ter o que comer em casa. Sabrina (Kika Farias) sonha em encontrar o príncipe encantado, mas logo descobre que não existe conto de fadas nos becos e vielas do morro. Daiane (Amanda Diniz) sofre abusos do tio e almeja ter uma festa de 15 anos ao lado do pai ausente e agressivo.

Essas três meninas tentam sobreviver à dura realidade da pobreza sacrificando seus anseios e matando os devaneios adolescentes a cada programa sexual realizado.

Os homens retratados no filme não valem grande coisa. Ou são bêbados ou maquiavélicos. O único personagem que ousa ter sentimentos verdadeiros por uma das moças é um presidiário interpretado por MV Bill. Para o azar da trama, ele também é de longe o mais superficial.

O filme erra por não ser comprometer com nada. Sandra simplesmente optou por fazer de “Sonhos Roubados” um relato ligado no piloto automático.

A boa interpretação do elenco acaba sendo o único ponto a favor.

Nanda Costa está muito confortável no papel da garota precocemente mãe e perdida em tantos anseios de consumo. Sua interpretação é visceralmente emocionante.

Marieta Severo também arrasa e ilumina a tela em todas as cenas que aparece.

Kika Farias e Amanda Diniz também demonstram grande poder de convencimento nos respectivos papéis.

Enfim, “Sonhos Roubados” deixa um gosto amargo na boca.

Algo me diz que se a diretora tivesse se envolvido emocionalmente com o projeto, teríamos um dos roteiros mais tocantes da última safra do cinema brasileiro.

No final das contas, trata-se apenas de um relato com ares de documental, mas completamente destituído de maiores ambições.



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