É inegável que os últimos filmes mais interessantes lançados recentemente tenham
sido todos dirigidos por senhores respeitáveis e setentões.
Scorsese, George Miller e David Cronenberg continuam na
ativa provando uma enorme capacidade de
criarem histórias que cutucam o meio em que vivem.
Fico imaginando o que será do cinema quando eles se
aposentarem.
Coloco ainda aí os criadores do termo blockbuster George
Lucas e Steven Spielberg.
Cronenberg tem a fama de fazer filmes difíceis de serem
digeridos.
O setentão realmente não facilita nada ao espectador.
Que assista quem tiver estômago e inteligência.
Caso contrário, sinta-se à vontade para procurar o mais novo
lançamento da Disney.
“Mapas para as Estrelas” veio para aniquilar o glamour de Hollywood.
O diretor esmiuçou a fama sem poupar ninguém.
Sua análise despe toda a parafernália da indústria
cinematográfica com extremo realismo.
Obviamente que cada personagem já deve ter cruzado o caminho
do diretor.
Posso apostar que muitas pessoas se sentiram nuas ao se
verem na tela.
Essa degradação artística é o maior achado do filme.
Tem a atriz reconhecidamente talentosa e problemática Havana
Segrand (Jullianne Moore) que quer a todo custo encarnar o papel que foi de sua
mãe num remake.
Havana é doentia, neurótica, bela e manipuladora.
Está disposta a fazer o que for preciso para alcançar seu
objetivo.
Seu caminho se cruza com a doce Agata (Mia Wasikowska), garota com marcas de
queimadura que se deslumbra com o mundo fictício hollywoodiano.
Agata vira secretária de Havana e meio que namora com Jerome Fontana (Robert Pattinson)
motorista com ambições artísticas.
Ela esconde um segredo no qual há espaço para o astro
adolescente em crise Benjie Weiss (Evan Bird).
Benjie parece livremente inspirado em dezenas de astros
mirins já vistos por aí.
Arrogante, viciado e com tendências esquizofrênicas, o rapaz
acredita que o mundo gira ao seu redor.
Benjie é filho de
Stafford Weiss (John Cusack) espécie de guru que trabalha com astros e Cristina Weiss (Olivia Williams) que
administra a carreira do garoto.
Essa penca de personagens irão se interligar gradualmente.
Cada um com seus segredos e neuroses, tentam criar um
universo fictício de sucesso.
O que importa mesmo é
ter um nome na indústria cinematográfica.
Para isso são capazes de
tudo.
Adicione aí sexo sem limites, drogas, bebidas, incesto,
assassinatos e outras coisas mais.
Vc terá um autêntico Cronenberg.
“Mapas para as Estrelas” é um dos melhores filmes que já vi
sobre o meio cinematográfico.
Não foi a toa que foi ignorado pela academia.
Quem seria louco de colocar num pedestal um filme que joga
no ventilador tantas
verdades?
Que ninguém se iluda.
A Academia sabe manipular como ninguém o tão dócil público.
Agora entendo o motivo de terem premiado Julianne Moore por
um papel tão fraco.
Seria mais justo terem dado a estatueta a ela pela estupenda
interpretação em Mapas.
Porque Moore apresenta aqui sua melhor interpretação em
anos!!!
Até mesmo o canastrão John Cusack retorna aos velhos tempos em que era um ator respeitável.
Olivia Williams tb aparece intensa como a mãe repleta de
culpa e medo.
Evan Bird e Mia Wasikowska travam uma batalha silenciosa
durante um confronto crucial na película.
Ambos provam que são jovens com futuro promissor.
O mesmo não posso dizer sobre Robert Pattinson que continua
perdido em cena.
Ainda estou tentando entender o que levou Cronenberg a tê-lo
como pupilo.
Será que velho experiente crê que por baixo da interessante aparência do rapaz existe algum talento?
Espero que essa obsessão não termine por prejudicar nenhum
dos projetos do experiente diretor.
“Mapas para as Estrelas” é um filme perturbador.
Um drama com um nível técnico acima do normal, que traz de
volta um dos diretores
mais corajosos e impactantes do ramo.
Grande filme, grande aula de cinema.
Hollywood sofre.
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