Minhas Mães e meu pai, by Lisa Cholodenko
Depois de anos vivendo dos arrasa-quarteirões, o cinema americano resolveu apostar nas produções independentes bem produzidas, tendo como chamariz um ótimo elenco e boa trilha sonora.
Muitos têm feito sucesso não somente no circuito comercial, como também levado para casas muitas premiações por onde passam.
“Minhas Mães e meu pai” é mais um que leva o título de “comédia indie” e que fez sucesso na época de seu lançamento.
Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) são um casal gay bem estruturado financeiramente, com dois filhos, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska) tidos através de doação de esperma feita pelo mesmo doador.
Prestes a ir para a faculdade, Joni (Mia Wasikowska) cede ao pedido do irmão e vai em busca do pai de ambos. Depois de uma breve pesquisa, eles chegam ao encontro de Paul (Mark Ruffalo), um solteirão divertido e descolado.
Passado o choque do reencontro, os meninos resolvem levar ao conhecimento das mães a descoberta de um pai que sempre tiveram vontade de conhecer.
O surgimento de Paul no meio familiar até então harmonioso, trará descobertas dolorosas ao casal central, que verá sua estrutura ruir diante de um invasor simpático e sempre disposto a ajudar.
Mesmo parecendo inovador , “Minhas Mães e meu pai” possui uma mensagem careta bem explicita. O que importa é a família, todas as desventuras sexuais serão perdoadas para manter um lar perfeito.
Esse acaba sendo um grande problema para um filme que toca em temas tão delicados. Optando pela comédia, a diretora perdeu uma ótima oportunidade de falar de coisas tão sofridas às suas personagens. O tom jocoso não ajuda o espectador a compreender o que motiva a Nic (Annette Benning) na sua eterna mania de controlar a tudo e a todos. Enquanto isso, Jules (Julianne Moore) parece apenas uma quarentona mimada e infiel, que necessita do poder da parceira para ser alguém.
Salvo alguns momentos dramáticos, o filme busca levar às telas um estilo de vida que sofre , afinal, dos mesmos problemas dos casamentos heterossexuais. Uma pena que isso não garanta que o público se sentirá tocado pelos problemas enfrentados pelas protagonistas.
Quanto ao elenco, não há o que dizer. Annette Benning está magnífica com seus trejeitos masculinos contidos e elegantes. Pertence a ela a cena que praticamente paga toda a exibição!! Com apenas um olhar , Benning transmite sua desilusão amorosa durante um jantar em família sem emitir uma frase sequer.
Julianne Moore volta a protagonizar a maluquete nervosa e perdida que fala nervosamente pelos cotovelos. Continua pecando um pouco pelos exageros faciais e parece ter se perdido em meio a tantos papéis com o mesmo teor dramático.
Mark Ruffalo retorna em mais uma atuação burocrática onde faz o mesmo charme de sempre. Não compromete a história nem torna seu personagem algo digno de espanto.
A diretora Lisa Cholodenko realizou uma obra mediana. Nem comédia, nem drama, o filme parece buscar uma identidade perdida. Balança o tempo todo entre ser uma produção independente que cutuca as feridas provincianas ou apenas mais um filme que propaga o casamento e a fidelidade eterna.
Ficha Técnica
título original:The Kids Are All Right
gênero:Comédia Dramática
duração:1 hr 46 min
ano de lançamento: 2010
distribuidora: Focus Features (EUA) Imagem Filmes (Brasil)
direção: Lisa Cholodenko
roteiro: Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg
produção: Gary Gilbert, Celine Rattray, Daniela Taplin Lundberg e Jeffrey Levy-Hinte
música: Carter Burwell, Nathan Larson e Craig Wedren
fotografia: Igor Jadue-Lillo
direção de arte: James Connelly
figurino: Mary Claire Hannan
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