Nebraska”, by Alexander Payne




Engana-se quem imagina que “Nebraska” seja um filme intelectualizado.

Pelo contrário, o tema é algo banal que faz parte de todos nós.

Como envelhecer com dignidade, sem perder a identidade e o que se construiu ao longo da vida?

Esse é o dilema do personagem central, um homem com seus oitenta anos, que parece já não ter forças para seguir adiante.

Woody Grant (Bruce Dern) é um senhor com problemas de memória.

Inusitadamente, resolve cruzar o Estado para receber o que acredita ser um prêmio de um milhão de dólares enviado por uma propaganda oportunista.

Todo mundo sabe que tratar-se de balela.

Mas o homem insiste em seguir viagem para pegar algo que lhe pertence  a todo custo.

Ninguém  dá muito crédito, até que um dos seus filhos David (Will Forte) resolve ajudar o pai a realizar o tal esperado sonho.

Contra tudo e contra todos, David enxerga na viagem uma possibilidade de firmar laços com a figura paterna tão cheia de mistérios e ausências.

Tudo isso será confrontado com a chegada à pequena cidade onde Woody cresceu, quando irá revelar para a enorme família que ganhou  um milhão de dólares.

Logo o alvoroço está lançado e todos comemoram a novidade calculando o que cada um poderá lucrar com isso.

Apesar das agruras do envelhecimento brutal, somos confrontados com as limitações da idade de uma forma bem natural e bem humorada.

Uma das responsáveis pelo humor presente na trama é a esposa de Woody (June Squibb) uma velhinha durona que usa a língua afiada para colocar todos no seu devido lugar.

A presença dela é garantia de gargalhadas nervosas, pois apesar de engraçadas, não deixa de ser triste a forma como agride o orgulho do marido relembrando seus  fracassos e erros.

Alexander Payne realizou uma obra de pequenas ambições, mas que se torna grandiosa ao longo dos 115 minutos.

Seu mérito é mostrar um road movie em preto & branco repleto de uma realidade fotográfica magnífica.

A fotografia acaba tornando-se parte da narrativa de uma forma muito especial.

O roteiro apresenta uma história repleta de ternura, no qual vemos como um homem perdeu-se de si mesmo ao longo da vida.

Aliado ao tema instigante, somos agraciados com  uma irrepreensível interpretação de Bruce Dern.

June Squibb também merece crédito por tornar sua barulhenta personagem num ser repleto de lembranças poderosas.

“Nebraska” firma a carreira de um diretor que sabe filmar as agruras humanas sem clichês. 
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About Cláudia Pereira

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