“Philomena” apresenta vários motivos para ser assistido.
O maior deles se refere à dupla principal de atores, que apresentam uma afinidade além do normal.
Judi Dench e Steve Coogan estão perfeitos lado a lado, apresentando interpretações irrepreensíveis.
Impossível dizer qual dos dois está melhor.
E se já não bastasse o elenco afiado, ainda temos um diretor acima de qualquer suspeita.
Stephen Frears sempre foi um dos meus diretores preferidos.
Sou apaixonada por seu cinema bem feito e costurado.
Depois de ter feitos alguns filmes insignificantes, Frears retorna ao que sabe fazer melhor: dramalhão com pitadas de humor e ironia.
Philomena Lee (Judi Dench) é uma agradável senhora irlandesa que luta para saber o paradeiro de seu filho Anthony.
O garoto lhe foi precocemente tirado pelas tirânicas freiras do convento de Roscrea para onde Philomena foi enviada pela própria família.
Assim como ela, outras dezenas de garotas tiveram o mesmo destino.
São abandonadas nas mãos da madre superiora para darem à luz longe do convívio da sociedade.
50 anos depois, Philomena quer saber o paradeiro do pequeno Anthony.
Para isso recorre ao jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan) um amargurado profissional que tenta lidar com a demissão involuntária.
Martin procura repudiar qualquer envolvimento com a simpática senhora, negando-se sucumbir ao tema piegas e sentimental.
No entanto, vê-se obrigado a ajudá-la depois de perceber que a história tem potencial para se transformar num artigo poderoso.
A união dessas duas pessoas tão diferentes se torna o ponto alto da produção britânica.
Philomena é católica fervorosa, humilde e sempre bem humorada,que apesar de todas as decepções religiosas não perde a fé num Deus presente e amoroso.
Já Martin é completamente avesso a qualquer religião, usando argumentos frios, as vezes realistas em sua busca pela verdade.
Ironicamente, essas duas pessoas terão seus laços fortemente entrelaçados ao empreenderem uma busca pelo destino do filho perdido.
O roteiro inteligente usa e abusa do humor britânico afiado, nos deixando sempre com um sorriso bobo no rosto.
Como não se apaixonar pela ingenuidade e leveza de uma mulher tão sensível quanto Philomena?
Como não rir da falta de senso de humor do rústico Martin, tão apegado aos valores materiais e absolutos do mundo concreto?
Não da pra segurar as lágrimas quando Philomena finalmente descobre o que aconteceu com seu filho.
A cena é tão tocante que somos levados ao choro com a sua interpretação do momento da descoberta.
Frears filma tudo com naturalidade, sem fazer alarde ou levantar bandeiras.
Um filme capaz de fazer a diferença.
Stephen Frears retorna aos bons tempos nos dando um dos seus melhores filmes.
Simplesmente, maravilhoso!
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