“Até o Último Homem”, by Mel Gibson




Já virou clichê meter o pau no Mel Gibson.

Confesso que já fiz parte da ruidosa turma.

Hoje, farei diferente.

Vou aplaudir e enaltecer um dos melhores filmes de guerra que já vi.

Jamais achei que ira escrever tal coisa.

Saibam que estou deveras surpresa e um pouquinho envergonhada.

Elogiar esse cara é difícil pra caramba.




Mas não pude evitar os suspiros que dei durante a projeção.

“Até o Último Homem” seria o típico filme de guerra se não fosse por um detalhe.

O mocinho não pega em uma arma sequer.

O mais incrível é que a história é real, aconteceu de verdade, não é nenhuma loucura vinda da cabeça 
conturbada do diretor.

Desmond Doss (Andrew Garfield) é um pacato rapaz do interior.





Cristão, otimista, honesto e trabalhador, ele só pensa em conquistar o coração de Dorothy (Teresa Palmer).

Tudo parece caminhar para o altar até que Doss resolve servir na Segunda Guerra Mundial.

Isso tudo até poderia parecer normal se o mesmo não fosse pacifista e avesso às armas.

Acredite, ele irá servir no exército mesmo sendo totalmente contra a violência.

Obviamente que a estadia por lá não será nada pacífica.

Haverá colegas que irão persegui-lo e tornar de sua vida um verdadeiro inferno.

Ainda tem o tal sargento durão (Vince Vaughnn) inconformado com a atitude do soldado.

O mais irônico disso tudo é que Doss será de grande ajuda ao batalhão, pois seus dons médicos irão salvar 75 homens na linha da frente.

Ficou estupefato?

Eu também.

O magrelo chamado de covarde salvará sozinho seus companheiros de batalha.

Só mesmo Mel poderia ter filmado tal odisseia sem parecer um desmiolado.

Aqui, vemos toda a sua técnica em ação, nos dando verdadeiros banhos de sangue regados a tiros, explosões e outras mazelas.

O banquete visual é simplesmente inebriante.

Como não ficar totalmente boquiaberto com tanta competência?

Não sou fã de Mel Gibson como diretor.

Sempre achei que seu discurso carecia de humildade e coerência.

Porém, é inegável seu talento pra guiar seus atores por caminhos tortuosos.

Ele conseguiu extrair de Andrew Garfield uma interpretação surpreendente.

Por mais que as vezes ele pareça caricato, é normal compreender que tal exagero combinou perfeitamente com o roteiro quase surrealista.

O único deslize foi ter colocado Vince Vaughnn como o sargento linha dura.





Vaughnn não tem tanto cacife assim pra convencer.

O rosto contorcido não quer dizer muita coisa.

Aliás, não diz nada mesmo.

Esse talvez seja o único pecado cometido por Mel.

“Até o Último Homem” consegue falar de paz mesmo sendo brutal em todo o seu realismo.

Película intrigante de um homem que parece ter encontrado a redenção.

Bem vindo de volta, Mel!

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About Cláudia Pereira

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