Robert Zemeckis retorna depois de uma longa hibernação em que se dedicou a realizar animações bem recebidas por público e crítica.
A sua nova incursão na velha forma de filmar se chama “O Vôo”, mas bem que poderia se chamar A Queda.
Peço desculpas por zombar de um assunto tão importante quanto um avião em pane, mas não dá pra falar dessa produção de outra maneira.
Zemeckis realizou uma obra irregular, sem a mínima emoção e com os pés fincados num chão repleto de espinhos.
Whip Whitaker (Denzel Washington) é um excelente piloto de avião que gosta de uma boa bebedeira e drogas.
O homem bebe a valer também em serviço, nunca dispensando uma dose de vodka em pleno ato de pilotar.
Seu ego é tão enorme que ele acredita ser capaz de comandar um avião comercial sem representar nenhum perigo.
Logo sua arrogância é posta à prova quando acontece um acidente de graves proporções.
Numa manobra arriscada, Whip coloca o avião de cabeça pra baixo e evita conseqüências maiores.
Seis pessoas morrem, no entanto, outras noventa e poucas sobrevivem.
Essa atitude audaciosa é vista como ato de heroísmo.
Tudo muda quando os exames de sangue são revelados.
Whip estava bêbado, drogado.
Surge uma investigação que poderá colocá-lo para sempre na cadeia.
Esse enredo mirabolante não é o suficiente para tornar “O Vôo” algo que valha a pena.
O filme é superficial e torna quase impossível simpatizar com o velho Whip.
Nem um suposto interesse amoroso consegue tornar o enredo menos tosco.
Kelly Reilly é a Nicole, uma viciada em drogas que tenta resgatar o cara do fundo do poço.
Veja só a que ponto chega o roteiro.
Colocar duas almas enlameadas num buraco sem fim.
Ouso dizer que a única coisa que faz os 138 minutos serem menos penosos é o talentoso Denzel Washington.
Apesar do desperdício da trama, o ator consegue mostrar que continua fazendo o que lhe mandam com muito afinco.
Tenho a impressão que Denzel atua no automático há anos.
A mesma cara de tristeza, de alegria, de raiva.
Pegue um outro filme do cara pra comparar.
Tudo igual sempre.
“O Vôo” não vai muito longe em suas pretensões.
Filme fraco feito para ganhar o Oscar de melhor ator.
O tiro saiu pela culatra.
Apenas um bocejo em mais uma produção rasa.
Esqueça esse voo maçante e vá pular de paraquedas.
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