“Tiranossauro” não teve grande bilheteria, nem foi feito por algum estúdio de mega produção.
Vc não verá ninguém comentando sobre ele em animadas festinhas de bebedeira e com certeza, não será escolhido por ser o mais popular.
“Tiranossauro” é um desses filmes que retratam a dor de não ter para onde ir.
Seus personagens são pessoas sofridas, que vivem no abismo de uma agressividade ora óbvia, ora oculta.
Joseph (Peter Mullan) é um homem solitário que carrega uma fúria incontrolável.
Ele perambula pelas ruas esbarrando e provocando quem atravessa seu caminho
. O ódio de Joseph se materializa a todo momento, seu descontrole emocional alcança o limite quando mata seu cachorro a chutes.
A partir dessa atitude desumana, o mundo de Joseph parece se diluir em ódio puro.
Depois de mais uma noite de bebedeira, ele vai parar em frente à loja da adorável Hannah (Olivia Colman), uma mulher meiga e dona de uma fé inacreditável.
O encontro dessas duas almas angustiadas irá render uma amizade insólita que terminará por mostrar um novo caminho para ambos.
Mas a vida de Hannah não é das mais fáceis, sua história inclui violência doméstica e um marido violento que lhe surra diariamente.
Esses dois seres humanos, tão infelizes em sua busca pelo isolamento, tornam-se o complemento um do outro. Joseph com sua ira incontrolável que destrói tudo que vê pela frente e Hannah, uma mulher passiva que perde a dignidade ao viver com um homem cruel.
“Tiranossauro” é um filme impecável.
Seu roteiro cutuca feridas ocultas em nós mesmos sem se levar pelo exagero.
A estréia na direção de Paddy Considine não poderia ter sido melhor.
A dupla de atores apresenta uma interpretação vigorosa merecedoras de todos os prêmios possíveis. Se a indústria cinematográfica não fosse tão corrompida,, eles seriam elevados a astros de primeiro quilate.
Mas, deixemos isso para Julia Robert ou Tom Cruise.
Paddy Considine não tem dinheiro pra bancar atores megalomaníacos, seu filme se segura num roteiro magnificamente escrito por ele mesmo.
O desfecho é fiel à trajetória dos personagens, não há redenção ou mudança de personalidade.
Joseph e Hannah cumprem seus destinos de forma honesta.
Toda essa coragem faz de “Tiranossauro” uma obra sensível e dolorosa, porém, obrigatória para olhos sensíveis.
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