Woody Allen segue tentando fugir do velho estereótipo que
ele mesmo criou.
O cineasta responsável por nos fazer rir com requinte , vem tentando fazer filmes mais profundos e
filosóficos.
Ok, filosófico ele sempre foi, mas eu confesso que sinto falta daquelas produções debochadas feitas por ele.
Esse novo Allen não me encanta ou seduz.
“Homem Irracional” é
o novo registro desse senhor que cutuca as feridas da sociedade com uma lâmina
afiada.
Abe Lucas (Joaquin Phoenix) chega a uma faculdade no interior
da América com um renomado prestígio.
Ele é um filósofo bêbado, depressivo e desiludido com o
futuro.
Abe vira algo da admiração dos alunos e do núcleo feminino
formado pela professora Rita Richards (Parker Posey) e a aluna Jill Pollard (Emma Stone).
Ambas nutrem por ele um tipo de afeto romântico e são devidamente
rechaçadas pelo desinteressado professor.
Aos poucos, acaba cedendo aos apelos da carne transando com
Rita.
Logo adiante, termina também por se render aos apelos de
Jill.
Mas nem a agitada vira amorosa faz com que Abe se sinta
vivo.
O panorama muda quando ele e Jill escutam uma conversa num restaurante.
Acidentalmente escutam o desabafo de uma mãe que se diz na
iminência de perder a guarda de seu filho por causa de um juiz corrupto.
Abe fica tão revoltado que resolve executar um plano
maquiavélico.
Eliminar o juízo sem deixar vestígio, pois o mesmo não fará
falta à sociedade.
Abe arma-se de todas as convicções filosóficas pra tornar a
trama desculpável.
Seus entusiasmados argumentos o tornam um homem com a energia revigorada.
Abe volta a sentir prazer, a sorrir e até se permite levar
um namoro com Jill.
Porém, o professor comete alguns erros pelo caminho, fazendo
com que a aluna descubra o crime executado por ele.
A descoberta termina por colocar Abe num beco sem saída.
Jill sente-se culpada por saber de algo tão hediondo e
ameaça acusa-lo perante a polícia.
O orgulho e a falta de remorso de Abe o levam ao precipício
de emoções.
Como ele fará pra fugir das responsabilidades do ato
cometido?
Allen consegue esmiuçar a discussão sobre os dilemas morais
vividos pelos personagens com muita ironia.
Porém, nem tudo são flores.
O filme torna-se arrastado e o papo chato sobre filosofia e
seu sentido podem cansar o espectador mais preguiçoso.
Um dos grandes atrativos da película é o famoso elenco.
Joaquin Phoenix apresenta mais uma interpretação contida e
repleta de profundidade.
Emma Stone marca um ponto a favor em sua promissora carreira e
Parker Posey consegue ofuscar a todos com sua forte personalidade em cena.
“Homem Irracional” não é o melhor filme de Woody Allen, mas
não faz vergonha a famosa filmografia do
consagrado diretor.
Seja lá como for, Allen jamais conseguiria nos entregar alto
tão sem significado.
O homem sabe contar uma história e conhece os maneirismos
para nos tornar cativos.
Não é a toa que seu nome ainda tem peso na decadente indústria cinematográfica.
Uma vez metre, sempre mestre.
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