O
mexicano Alejandro González Iñárritu retorna pra reservar de vez seu lugar no
primeiro escalão cinematográfico americano.
Mesmo
quem não gosta de seus arroubos criativos não poderá ficar imune à
grandiosidade de sua nova obra.
“O
Regresso” é um filme sensacional, poderoso, visceral.
Uma
verdadeira aula de cinema em todos os sentidos.
A
produção contém o que há de melhor na indústria atual.
O diretor
pegou os caras mais competentes e criou quase uma sinfonia de imagens dotadas
de uma beleza estética chocante.
Para isso
contou com o trabalho do renomado e oscarizado Emmanuel Lubezki.
Pra quem
não sabe, Lubezki já levou pra casa prêmios pelo trabalho em “Gravidade” e “Birdman”.
Cabe a
ele uma grande parte dos rasgados elogios.
A trilha
de Ryuichi Sakamoto também está lá, absolutamente presente, formando um
conjunto de sensações que nos hipnotizam até o momento final.
Todo esse
aparato técnico é tão esplendoroso que por pouco não rouba a atenção do que
mais importa ali: a saga do herói vingativo e corajoso.
Em pleno
século 19, O forasteiro Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) e seu filho servem de guias para um grupo de
americanos sedentos por peles de animais.
A região
é conhecida por sofrer ataques dos índios que não aceitam a presença dos tais “homens
brancos”.
Durante
um ataque devastador realizados pelos apaches, o grupo é quase todo
exterminado, sobrando poucos homens pra seguirem adiante.
Para o
azar da expedição, o próprio Glass é quase morto durante um ataque de urso.
Bastante
machucado, ele termina sendo abandonado à sorte pelo parceiro John Fitzgerald
(Tom Hardy), que não satisfeito, mata o filho de Glass.
Porém,
nem toda adversidade é capaz de eliminar a determinação e a sede de vingança
pela qual ele é consumido.
Glass
suporta o rigor de um frio amedrontador, escapa de ataques, sobrevive aos
ferimentos e segue disposto a caçar o cruel inimigo.
São
tantos momentos incríveis que não é possível dizer qual a cena mais bela ou
aterrorizante.
Tudo se
mistura de tal forma que tudo o que nos resta é respirar pausadamente.
O embate
final é marcado por um trabalho de câmera totalmente deslumbrante.
Gotas de
sangue e água são despejadas na lente, fazendo-nos sentir a respiração ofegante dos
protagonistas.
Toda essa
saga sobre a redenção de um homem disposto a tudo, é interpretada com alma
pelos dois atores principais.
Leonardo
DiCaprio entrega o seu melhor trabalho até aqui.
Com
poucos diálogos e muitas expressões repletas num olhar, o ator explora com
maestria a oportunidade de provar todo o seu talento.
A torcida
é forte para que leve pra casa os prêmios para quais foi indicado.
Está na
hora de Hollywood reconhecer que o cara amadureceu na carreira.
Hoje,
DiCaprio é dono de um dos maiores cachês e um merecido reconhecimento artístico.
Tom Hardy
confere ao seu vilão um tipo de humanidade rara.
Fitzgerald
é um homem covarde, que mantém seus objetivos acima de qualquer moral e ordem.
“O
Regresso” é muito mais do que apenas uma produção que poderá conferir a
DiCaprio seu primeiro Oscar.
Torço
para que os espectadores consigam perceber o poderio presente na obra.
DiCaprio
e Hardy estão impecáveis.
A
fotografia é linda.
A
montagem é enxuta.
E nem 156
minutos são capazes de nos deixar exaustos diante de tanta perfeição.
Mas, nada
disso seria possível sem o ego enorme de seu criador.
Alejandro
González Iñárritu segue fazendo fama de diretor excepcional.
A fama é
realmente merecida, fazendo com que ele já tenha afirmado “que seu filme
poderia ser assistido num templo”.
Deixando
os exageros de lado, “O Regresso” deverá ganhar muitos prêmios técnicos e
dificilmente será deixado de lado pela Academia.
Com ou sem
o Oscar, o filme já tem a presença garantida na lista de muitos cinéfilos por
aí.
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