“O Quarto de Jack”, by Lenny Abrahamsom




Um filme devastador, intenso e absurdamente real.

É assim que posso descrever “O Quarto de Jack”.

Jamais imaginei que iria ser jogada num mar de emoções tão profundas quando ousei seguir adiante.

A produção é inspirada no livro de Emma Donoghue e narra uma incrível história de superação e amor materno.

Tudo orquestrado pelas mãos do diretor irlandês Lenny Abrahamsom e por um elenco convincente.

O filme é narrado pelo garotinho Jack (Jacob Tremblay) que mora num quartinho minúsculo ao lado da  mãe.

Joy “Ma” Newsome (Brie Larson) criou um universo fictício para o pequeno Jack, fazendo com que ele não perceba que existe um mundo completamente diferente lá fora.

Jack nunca viu o sol, a lua, nunca sentiu o vento no rosto, nunca viu outra criança, nunca tocou num animal de estimação.

Jack e Ma vivem encarcerados num lugar estreito criado por um homem mau.

Ma foi raptada quando adolescente, teve um filho e tenta protegê-lo dos maus tratos que sofrem há anos nas mãos de Old Nick (Sean Bridgers).

Essa história de pavor tem um quê de um cruel contos de fadas  quando percebemos o sacrifício feito pela mãe pra manter a sanidade mental do filho.

Nunca presenciei uma ligação umbilical tão forte quanto essa.

O mais curioso é perceber o quanto a criança luta no íntimo pra crer em tudo que a mãe jura ser real.

Mas, Mo resolve que é hora de contar a verdade ao filho e traça um plano de fuga pra liberdade.

É incrivelmente difícil manter a paz durante as cenas que antecedem a tentativa de libertação.

E quando acreditávamos já ter visto de tudo, eis que surge a realidade cobrando um preço alto demais.

Lenny Abrahamsom filmou toda essa apavorante saga de forma quase claustrofóbica.



O espectador vê-se sufocado diante do quarto que sustenta um universo irreal.

Por vezes senti falta de ar ao ouvir a respiração ofegante de mãe e filho buscando na claraboia algo parecido com a liberdade.

Brie Larson e Jacob Tremblay criam laços afetivos assustadoramente reais,  não consigo imaginar outros atores nos respectivos papeis.

Brie mostra uma  capacidade dramática tão real, que torna compreensível ter arrebatado tantos prêmios pelo caminho.



Que me desculpe Cate Blanchett, mas ninguém tira da moça o prêmio máximo da Academia.

Já Jacob Tremblay é uma das crianças mais talentosas que já vi em cena.

O garoto dá um show em muito ator canastrão por aí.

Ele atua naturalmente, como se tivesse nascido pra fazer o papel de Jack.

Aviso aos sensíveis de plantão que “O Quarto de Jack” é pra quem tem nervos de aço.

Nem mesmo o mais insensível ser humano conseguirá manter-se imune às emoções que a película acumula.


Um filme que retrata os desvarios de que uma mente insana e  o poder de recuperação que somente o amor verdadeiro é capaz.
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