“Grandes Olhos”, by Tim Burton




Há muitos anos que perdi o interesse no trabalho de Tim Burton.

Caricatural, excêntrico, seus filmes sempre carregaram nas cores escuras, em personagens bastante exagerados, quase infantis.

Tenho enorme restrição ao tipo de cinema que Burton vem praticando ultimamente.

Tudo leva a crer que o público também já tá com saco cheio das referências usadas pelo experiente diretor.

Então, Burton resolveu sair da zona de conforto e realizou uma obra que tenta fugir um pouco do inusitado.

“Grandes Olhos” derrapa justamente por não  conseguir passar verossimilhança ao contar uma história real.

O filme relata o incrível talento de Margaret Keane (Ammy Adams), pintora conhecida por retratar crianças com olhos grandes e expressivos.

Margaret casa-se com o charmoso Walter Keane (Christoph Waltz) e termina por entregar a ele a autoria dos seus quadros.

Juntos, armam uma fraude que rende notoriedade, milhões e alguns detratores.

Ninguém desconfia que Keane não seja o responsável pelos quadros intensos.

Passam-se os anos e o casal vive uma vida confortável e caótica.

Keane manipula, humilha e amedronta a esposa, tornando-a refém do seu talento artístico.

A insegura e submissa Margaret foge do casamento, indo se refugiar no Hawaii com a filha.

É lá que encontra forças para provar a autoria dos quadros e reivindicar sua existência artística.

Tim Burton erra feio ao tornar a passagem mais importante da película num circo constrangedor.

A disputa judicial se transforma numa sucessão de besteirol, quebrando o impacto sobre o resultado final. 

O filme finaliza de forma abrupta, perdendo a oportunidade de corrigir a terrível falha da cena no tribunal. 

Se o roteiro é fraco, o mesmo não se pode dizer da dupla de atores.

Ammy Adams é a responsável por criar momentos especiais durante a projeção.

Seu personagem é realmente encantador e marcante.

Christoph Waltz está ótimo como o trambiqueiro e malandro, nos dando verdadeiros momentos de risada genuína.

“Grandes Olhos” não compromete a cinematografia de Tim Burton, mas também não deixa dúvidas de que o diretor encontra-se em crise criativa.

Nunca imaginei dizer isso, mas faltou um pouco da essência do diretor à própria película.

Burton dirigiu um filme em que ele mesmo encontra-se  ausente.

Algo totalmente surreal e inacreditável.

Bem típico do estranho diretor.

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