Ainda estou confusa com “Para sempre Alice”.
Estranho dizer que os diretores realizaram uma obra que escorrega justamente ao evitar o tom cinza do sofrimento.
Vou além, Richard Glatzer e Wash Westmoreland perderam a oportunidade de tornar seu filme verdadeiramente relevante.
Alice (Julianne Moore) é uma professora de linguística bastante renomada.
Ela tem um casamento estável e feliz, tem três filhos amáveis e aparentemente amorosos, levando uma vida mais do que confortável.
A típica família americana do alto escalão universitário.
Tudo começa a ruir quando Alice apresenta lapsos de memória recorrentes.
Aos poucos, os esquecimentos de datas, locais, nomes, tomam proporções drásticas.
Alice vai a um neurologista e descobre ter um Alzheimer precoce.
Ela reúne a família e conta a todos o resultado dos exames e de que os filhos também podem ser portadores da mesma doença.
O espectador observa o sofrimento da personagem central com certa apatia.
Falta à película um aprofundamento maior.
Todo o sofrimento de Alice é narrado em 99 minutos pra lá de rápidos.
Tudo é tão superficial, cansativo e arrastado, que não chega ser possível sentir nenhuma
emoção.
Os diretores tentaram substituir um roteiro mais emotivo por uma trilha sonora lacrimejante.
Não deu certo.
O único ponto a favor é a interpretação admirável de Julianne Moore.
A atriz finalmente tem um papel em que exerce a suavidade, bem longe dos estereótipos
das personagens surtadas que sempre tanto interpretou.
Pena que o roteiro não colabore com o esforço do elenco envolvido.
“Para sempre Alice” peca por fazer um filme light.
Convenhamos, algo bem estranho para uma produção que aborda um tema tão delicado.
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