Atriz, cantora e , diretora.
A carreira de Mélanie Laurent parece destinada ao sucesso.
Atriz prestigiada por Tarantino, dona de uma voz belíssima, e agora, provando ter talento para trabalhar atrás das câmeras.
Laurent tem tudo pra se transformar na queridinha dos franceses, aliás, algo me diz que já alcançou tal patamar.
Sua estreia cinematográfica se deu com o refinado “Respire”, filme que relata uma relação conturbada, apaixonada e sofrida entre duas adolescentes.
Charlie (Joséphine Japy) é uma jovem sensível, calma, que tem uma adolescência longe de grandes turbulências e agitações sexuais.
Tudo muda quando chega à nova escola a sensual e atrevida Sarah (Lou de Laage).
Alguns dias depois, tornam-se amigas inseparáveis dentro e fora do ambiente escolar.
A vida de Charlie sofre uma reviravolta ao descobrir as tendências rebeldes da nova colega.
A amizade entre ambas contem uma nuance sexual que nunca chega às vias de fato.
Sarah provoca, seduz, encanta.
Charlie não consegue traduzir a obsessão que vai tomando conta da sua rotina.
Repentinamente, tudo o que importa pra Charlie é estar ao lado de Sarah, ser amada e querida por Sarah.
Uma descoberta inesperada terminará por criar o fim da relação, fazendo com que Sarah torne a vida de Charlie um tormento.
O amor transforma-se em ódio, a admiração é substituída pelo medo.
Mélanie Laurent filma com extremo refinamento o tão difícil mundo adolescente.
O amor homoafetivo que nunca se realiza cede lugar ao bullying que tantos jovens sofrem nas escolas.
Mas seria o amor que Charlie sentia por Sarah algo romântico e sexual?
Ou seria apenas o desejo contido de ter os mesmos atributos da amiga aparentemente sociável e bela?
Existe entre as personagens um duelo silencioso em que ambas parecem almejar coisas bem opostas entre si.
Charlie aprecia a fluidez e desembaraço de Sarah, que por sua vez, inveja a vida confortável e a mãe amorosa que Charlie tem.
Todas as emoções vão se descortinando gradualmente, conforme a relação se torna mais íntima.
As jovens atrizes demonstram bastante naturalidade ao trabalharem juntas.
Em nenhum momento se comportam de maneira superficial diante das câmeras.
O cinema francês parece ter um cast jovem e ousado, que não se prende ao besteirol pop atual.
A estreia de Mélanie Laurent não poderia ter sido melhor.
“Respire” é um filme sincero, que não engana o espectador com roteiros absurdos.
A reviravolta de seus personagens é algo possível e compreensível.
Um filme que não subestima a nossa inteligência.
Simples e revigorante.
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