“Livre”, by Jean-Marc Vallée




Depois do razoável Clube de Compras Dallas, Jean-Marc Vallée entrega um trabalho merecidamente aclamado pela crítica especializada.

Vallée teve como aliado o excelente roteiro de Nick Hornby e a belíssima fotografia de Yves Bélanger.

Dessa união surgiu um filme excepcional em toda sua beleza, retratando a busca dolorosa de uma jovem mulher pela aceitação das perdas que acumulou durante sua vida.

Cheryl (Reese Witherspoon) resolve percorrer uma travessia solitária por uma trilha repleta de dificuldades da Pacific Crest Trail.

São quase dois mil quilômetros enfrentando o frio, a fome, o calor, o assédio de viajantes e as lembranças acerca de um passado marcado por percalços.

Cheryl relembra a perda prematura da mãe alegre e sensível (Laura Dern), o vício em drogas, o sexo desenfreado com estranhos, o casamento fracassado.

Acreditem, a moça tem um histórico desastroso de abandono e sofrimento.

Ela faz de sua caminhada um tipo de peregrinação em busca da paz interior, onde poderá, enfim, se libertar das marcas que carrega na alma.

A exaustão física de Cheryl é vista como um tipo de purificação, algo capaz de promover o reencontro com suas mais profundas aspirações e desejos.

O filme narra essa caminhada repleta de flashbacks que recriam os momentos difíceis vividos pela protagonista.

A pesada mochila vira a personificação da carga emocional presente em todo o trajeto.

O enredo evita ser piegas ou dramático, evitando sabiamente o blá blá blá de auto ajuda.

Outro acerto foi a escalação da Reese Witherspoon.

A atriz mostra-se madura e autoconfiante, apresentando o seu melhor trabalho até agora.

Um alívio saber que Reese abriu mão dos papéis convencionais para interpretar alguém tão desprovido de vaidades.

Laura Dern também está incrível como a mãe amorosa, que enfrenta as agruras de um casamento brutal e liberta-se para se dedicar aos filhos.

“Livre”  é inspirador,  tornando sua personagem verdadeiramente inesquecível.

O final surge poderoso tendo ao fundo a magnífica canção “El Condor Pasa”.

Um filme honesto, profundo e arrebatador. 

A produção vem confirmar  o crescimento profissional de Jean-Marc Vallée e a superioridade de Witherspoon sobre as outras concorrentes ao Oscar.


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About Cláudia Pereira

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